O que é dor crônica?
Segundo a definição da IASP (Associação Internacional para o Estudo da Dor ), a dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável associada ou semelhante a uma lesão tecidual real ou potencial.
A dor é um mecanismo primitivo, desenvolvido para ser um sinal de alerta para o corpo, sinalizando que nosso organismo pode estar em risco.
Quando a dor dura curtos períodos, como no caso de um machucado ou uma lesão, denominamos “dor aguda”, que é aquela que surge em decorrência de um dano tecidual e deixa de existir pouco tempo depois, conforme o processo de cicatrização ocorre.
Entretanto, há casos em que a dor se torna persistente, e já não pode se relacionar diretamente ao processo inflamatório da lesão, que dura, em média, cerca de três semanas. Para esses casos mais persistentes, que duram mais de 3 meses ou que se comportam como episódios recorrentes por períodos iguais ou maiores que esse, damos o nome de “dor crônica”.
No processo de dor crônica, ocorre uma falha no processamento da dor pelo sistema nervoso central, que fica mais sensível a qualquer estímulo. Dessa forma, o cérebro pode responder em forma de dor para qualquer movimento, som, estímulo visual que antes não gerariam quaisquer desconfortos.
Isso não quer dizer que a dor é psicológica! Quer dizer, apenas, que o cérebro (que é quem processa e gera a sensação de dor) está mais sensibilizado, produzindo uma resposta dolorosa a estímulos que antes não seriam percebidos como tal.
A dor crônica, hoje, é entendida como uma doença que merece tratamento específico, pois pode gerar grandes danos à saúde do indivíduo. Frequentemente pessoas com dor crônica desenvolvem prejuízos em diversos setores da vida, deixam de realizar atividades que antes executavam com facilidade, apresentam dificuldades laborais, desenvolvem quadros de ansiedade/depressão e acabam se isolando socialmente.
A dor crônica é dependente de experiências pessoais e é resultado de uma série de fatores biológicos, psicológicos e sociais. Portanto, as diretrizes recomendam uma abordagem multimodal e interdisciplinar para seu tratamento, personalizada para cada paciente. Tal abordagem pode incluir fisioterapia, psicoterapia, tratamentos medicamentosos e, em último caso, ações mais invasivas.
Uma abordagem multimodal deve incluir mudanças de estilo de vida, como manutenção do peso corporal adequado, prática de exercícios físicos, boa nutrição, boa qualidade de sono (prática de higiene do sono), evitar hábitos como tabagismo e etilismo.
Exercício físico
O exercício físico é um pilar essencial para o tratamento da dor crônica, pois além ser benéfico para a saúde, auxilia na qualidade do sono (uma pessoa com sono ruim tem maior sensibilidade à dor), facilita a perda de peso, estimula a secreção de endorfina (hormônio que proporciona prazer e bem-estar ao ser humano) e melhora o condicionamento físico.
É de suma importância que a prescrição dos exercícios seja realizada por profissionais especializados, de forma a garantir um tratamento adequado e progressivo.
Referências Bibliográficas:
COHEN, Steven P; VASE, Lene; HOOTEN, William M. Chronic pain: an update on burden, best practices, and new advances. The Lancet, v. 397, n. 10289, p. 2082-2097, maio 2021. GUZZO, Eduardo Cadore. et al. Manejo da dor crônica. Acta Med., Porto Alegre, v. 36, ed. 11, 2015. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-879720.RAJA, Srinivasa N. et al. Definição revisada de dor pela Associação Internacional para o Estudo da Dor: conceitos, desafios e compromissos. Jornal DOR, 2020. WATSON, James C. Dor crônica. In: Manual MSD: Versão para Profissionais de Saúde. 2022.
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