A forma como encaramos a dor lombar sofreu grandes avanços nas últimas décadas à medida que os estudos acerca do tema aumentaram drasticamente nos últimos 20 anos.
A justificativa para o incentivo à pesquisa científica em relação às lombalgias, deve-se ao fato de que esta condição clínica é a principal causa de incapacidade e afastamento ao trabalho na população dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, representando um grande fardo econômico aos sistemas de saúde, às empresas, à sociedade e ao próprio indivíduo.
Sabe-se que a dor lombar é um sintoma extremamente comum na população ( 9 em cada 10 pessoas irão experimentar essa queixa ao longo da vida) e que normalmente é de causa desconhecida, recebendo em 90% dos casos a terminologia de “ não-específica”. A dor lombar é caracterizada com aspectos biológicos, psicológicos e dimensões sociais que prejudicam a função, participação social e a prosperidade financeira pessoal. Fatores como estilo de vida, como tabagismo, obesidade e baixos níveis de atividade física, que são relacionados à baixa qualidade de vida geral, também são relacionados à ocorrência da dor lombar.
As diretrizes de prática clínica recomendam abordagens similares para avaliação e manejamento da dor lombar. As recomendações incluem a abordagem biopsicossocial como tratamento inicial não-farmacológico, incluindo educação que suporte o auto-manejamento e retorno às atividades normais e à prática de exercícios físicos, assim como inclusão de programa de psicoterapia aos indivíduos com sintomas persistentes. Os guias de prática clínica recomendam prudência para a prescrição de medicação, exames de imagem, cirúrgia, repouso prolongado, administração de opióides e bloqueios.
Parece que fazer mais do mesmo não irá evitar que cada vez mais pessoas sejam impactadas negativamente pela dor lombar, visto que o aumento dos recursos tecnológicos na medicina de diagnóstico não evitou que cada vez mais pessoas sofressem com as incapacidades relacionadas à dor lombar. Diversos estudos apontam que o desfecho clínico do paciente que faz exame de imagem não muda em relação a quem não fez. Existe um apelo forte para que os clínicos evitem o foco nas alterações anatômicas vistas em exames e se dediquem às práticas baseadas em evidências, reduzindo custos e alcançando mais rapidamente o objetivo dos pacientes.
Fonte:
· Hartvigsen et al, What low back ´pain is and why we need to pay attention. Lancet series 1, 2018;
· Hoy et al, The gobal burden of low back pain: estimates from de Global Burden of Disease 2010 study, 2014.
· Foster et al, Prevention and treatment of low back pain: evidence, challenges, and promising direcetions, 2018.
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